Modelo Brusselator de Reação-Difusão: mudanças entre as edições

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==Resultados==
==Resultados==
Esta seção se dedica ao resultados da simulação, utilizamos valores de constantes de outros artigos como o [Nome do artigo e referência]. As simulações mostram o caráter oscilatório do Brusselator ao longo do tempo e também como se da a reação e difusão em um recipiente em duas dimensões. As constantes utilizadas foram identificadas na próxima subseção, com exceção nos gráficos em que indicamos outras constantes.
===Definindo Constantes===
===Definindo Constantes===



Edição das 14h10min de 11 de março de 2022

Grupo: Carolina Lenzi, Eric Naiber e Vitória Xavier

Figura 1: Variação da concentração em um recipiente de 100x100. Áreas em amarelo correspondem a uma grande quantidade de reagente U.

O objetivo deste trabalho é implementar o modelo de reação-difusão Brusselator em duas dimensões, frequentemente utilizado para estudar sistemas complexos químicos e biológicos. O modelo é um sistema não linear de equações diferenciais parciais e foi proposto em 1970 por Ilya Prigogine e seus colaboradores da Universidade Livre de Bruxelas. Desde então tem sido aplicado para analisar reações oscilatórias e autocatalíticas. O método computacional utilizado para implementar o modelo foi o método FTCS (Forward Time Centered Space).

Modelo de Brusselator

Figura 2: O gráfico da esquerda mostra a variação dos reagentes U e V dentro do sistema. Levando em consideração o gráfico "Reação-Difusão", note que quando U e V se anulam temos um mínimo no gráfico da esquerda. No gráfico da direita podemos perceber este comportamento, quando o ponto está em um mínimo, a quantidade de U sobe rapidamente, fazendo com que o gráfico fique com muitos pontos amarelos.

O estudo de sistemas químicos e biológicos frequentemente requer o uso de modelos que caracterizam reações de reação-difusão. Um dos modelos mais utilizados é o modelo de Brusselator, que é utilizado para descrever o mecanismo químico de reação-difusão com oscilações não lineares. [J. Tyson, Some further studies of nonlinear oscillations in chemical systems, J. Chem. Phys. 58 (1973) 3919.] Turing [ref?] observou que quando determinadas reações são associadas a difusão, é possível obter um padrão espacial estável, e isso leva a teoria de morfogênese. Além de processos de reação-difusão, o modelo Brusselator é observado em reações enzimáticas e na física de plasma e de lasers.

O mecanismo de Brusselator proposto por Prigogine (1970) é dado por [I. Prigogine, R. Lefever, Symmetries breaking instabilities in dissipative systems II. J. Phys. Chem. 48, 1695–1700 (1968)]:

(1.a)
(1. b)
(1.c)
(1.d)

Onde U e V são as espécies químicas de interesse. Assumimos A e B em excesso para que o sistema não atinja o equilíbrio. Esse sistema químico foi importante para o avanço na área de sistemas complexos porque possibilita o uso de modelos matemáticos de duas dimensões, já que U e V são variáveis dependentes, e admite “limit-cycle oscilations”. [ R. Lefever and G. Nicolis, Chemical instabilities and sustained oscillations, J. Theor. Biol. 30 (1971) 267.].

Figura 3: Relação entre concentrações e o diagrama de fase.

As equações diferenciais parciais associadas com o sistema Brusselator são dadas por(G. Adomian, The diffusion-Brusselator equation. Comput. Math. Appl. 29, 1–3 (1995)):

onde e são as concentrações a serem investigadas em função de tempo e espaço, e são constantes relativas às concentrações dos reagentes A e B, e e constantes de difusão.

A solução analítica do sistema reação-difusão Brusselator ainda não é conhecida e por isso há o interesse de explorá-la numericamente.

Análise da estabilidade do sistema

Análise de ponto crítico

Considerando o sistema livre de difusão, quando :


Onde e e e são constantes positivas e reais. A matriz jacobiana no ponto crítico é dada por


Os autovalores de são os valores que satisfazem a equação caracterísitca

Os autovalores claramente mostram dependência em e no determinante . Esses autovalores governam a estabilidade do ponto crítico ou determinam a existência de um ciclo limite. As propriedades de estabilidade ou a existência de um ciclo limite estão sumarizadas na tabela abaixo, em relação a figura 1.

[[Arquivo:]]

Utilizando a teoria Hopf, é mostrado que o ponto crítico perde sua estabilidade quando A e B movem da região 2 para região 3, na figura 1, atravessando a curva . Uma bifurcação Hopf ocorre quando ao passo que essa curva é atravessada e um ciclo limite estável existe para A e B nas regiões 1 e 2, mas não para A e B nas regiões 3 e 4.

Conclui-se que a curva governa a estabilidade do sistema.


Análise de ponto fixo

O estado estacionário do sistema pode ser encontrado igualando o coeficiente de difusão, e portanto as derivadas parciais, a zero. Percebe-se que esse sistema converge para os pontos fixos:

Em [twizell] a manipulação da matriz jacobiana nos pontos fixos resulta nos seguintes autovalores


Onde fica claro que os denominadores dos autovalores são sempre positivos quando and . As inequações

e

São verdadeiras sempre que . Portanto, uma condição suficiente para o ponto fixo atrair a sequência gerada pelo sistema é .

Ainda em [Twizell] o modelo reação-difusão Brusselator foi discretizado e a análise dos pontos fixos concluiu que o sistema converge para e , sendo esse o único estado estacionário do sistema.

Concluiu que também que o sistema apresenta estado oscilatório quando

Estado em que o sistema não converge para nenhum ponto.


Método FTCS

O FTCS (Forward Time Centered Space) é um método de diferença finita que utiliza a derivada à direita ("para frente") no tempo e a derivada segunda centralizada no espaço para discretizar as variáveis. As derivadas no tempo e no espaço bidimensional ficam:


Substituindo nas equações do Brusselator

onde e são as funções que representam a reação sem difusão.


Utilizamos discretização do tipo


Utilizando a notação , assumindo e rearranjando os termos, reescrevemos as equações como


onde e .

Análise de estabilidade do método

Resultados

Esta seção se dedica ao resultados da simulação, utilizamos valores de constantes de outros artigos como o [Nome do artigo e referência]. As simulações mostram o caráter oscilatório do Brusselator ao longo do tempo e também como se da a reação e difusão em um recipiente em duas dimensões. As constantes utilizadas foram identificadas na próxima subseção, com exceção nos gráficos em que indicamos outras constantes.

Definindo Constantes

Para as simulações foram utilizados os valores abaixo:

PS: Não consigo mover a tabela e nem aumentar ela.

Tabela de Constantes e Valores
Símbolo Nome Valor
Dimensão analisada ao longo do eixo x. 50
Dimensão analisada ao longo do eixo y. 50
Constante relativa à concentração dos reagentes. 1
Constante relativa à concentração dos reagentes. 1.7
Concentração no tempo inicial (t=0). 1
Concentração no tempo inicial (t=0). 2
Passo entre iterações. 0.1
Unidade de avanço dos eixos no espaço. 1
Constante de difusão referente à u. 0.1
Constante de difusão referente à v. 1
Constante de estabilidade do sistema referente à u. -
Constante de estabilidade do sistema referente à v. -

  • Onde N é a dimensão analisada ao longo do eixo. Podemos pensar como o comprimento e a largura de um recipiente.

  • Constantes relativas às concentrações dos reagentes.

  • Concentrações iniciais (em t=0).

  • Constantes de difusão referente ao reagente.

  • Passo entre iterações.

  • Unidade de avanço nos eixos espaciais.

Constantes que dependem diretamente de outros parâmetros não recebem um valor fixo, como é o caso de e que são constantes de estabilidade. Utilizamos estes valores pois foi utilizado no artigos[1]. Já as posições das condições iniciais foram escolhidas arbitrariamente, tendo um total de 6 modos (dentro do código completo[1]), sendo eles:

  1. Condição em formato do sinal "+"; o reagente é distribuído no centro, formando um sinal de "+", para .
  2. Condição de borda; onde os há reagente nos 4 cantos do recipiente para .
  3. Condição aleatória; coloca uma quantia aleatória de pontos em qualquer posição, para e .
  4. Condição de nove pontos centrais; no centro divide 9 pontos com espaçamento de , para .
  5. Condição da borda completa; completa toda a borda do recipiente com reagente .

Simulação

Implementação

O método foi implementado em Python, considerando , variando as constantes e e as condições iniciais do problema.

  • Código completo no GitHub[2]
"""
Esta é uma versão reduzida do código, sem a parte da formação dos gifs e de algumas imagens.
Para a versão oficial utilizada no trabalho, acesse o GitHub forncecido.
"""

import numpy as np
import matplotlib.pyplot as plt

# Constantes
Nx = Ny = 25
a = 1
b = 1.7

# Valores iniciais
u0 = 1
v0 = 2
t = 0

# Constantes do sistema
t_max = 40
dt = 0.1
ds = 1

# Constantes dos reagentes e da estabilidade
Du = 0.1
Dv = 1
ku = Du * dt / (ds ** 2)
kv = Dv * dt / (ds ** 2)


# Pedaço da equação sem derivada parcial
def f(u, v):
    return a - (b + 1) * u + u * u * v


# Pedaço da equação sem derivada parcial
def g(u, v):
    return b * u - u * u * v


# vetores no tempo n
u_n = np.zeros((Nx, Ny))
v_n = np.zeros((Nx, Ny))

# vetores no tempo n+1
u_n1 = np.zeros((Nx, Ny))
v_n1 = np.zeros((Nx, Ny))

# Nove pontos centrais (u0)
mid = int(Nx / 2)  # Centro
mov = int(Nx / 4)  # Movendo para cima e para os lados
u_n[mid, mid] = u_n[mid + mov, mid + mov] = u_n[mid + mov, mid] = u_n[mid, mid + mov] = u_n[mid + mov, mid - mov] = u0
u_n[mid - mov, mid - mov] = u_n[mid - mov, mid] = u_n[mid, mid - mov] = u_n[mid - mov, mid + mov] = u0

# Toda a borda (v0)
for i in range(Nx):
    v_n[0, i] = v0
    v_n[i, 0] = v0
    v_n[Nx - 1, i] = v0
    v_n[i, Nx - 1] = v0

# Algumas listas são extras, não precisam realmente estar ali, estão apenas para organização.
lista_t = []
lista_u = []
lista_v = []

# Calculando concentrações com FTCS
while t < t_max:
    for i in range(Nx):
        i_e = (i - 1) % Nx  # vizinho a esquerda de 0 é o da ultima posicao
        i_d = (i + 1) % Nx  # vizinho a direita da ultima posicao é o zero

        for j in range(Ny):
            j_e = (j - 1) % Ny
            j_d = (j + 1) % Ny

            u_n1[i, j] = u_n[i, j] + dt * f(u_n[i, j], v_n[i, j]) \
                         + ku * (u_n[i_e, j] + u_n[i_d, j] + u_n[i, j_e] + u_n[i, j_d] - 4 * u_n[i, j])
            v_n1[i, j] = v_n[i, j] + dt * g(u_n[i, j], v_n[i, j]) \
                         + kv * (v_n[i_e, j] + v_n[i_d, j] + v_n[i, j_e] + v_n[i, j_d] - 4 * v_n[i, j])

    lista_u.append(u_n1[0][0])
    lista_v.append(v_n1[0][0])

    # atualizar u_n e v_n
    for i in range(Nx):
        for j in range(Ny):
            u_n[i, j] = u_n1[i, j]
            v_n[i, j] = v_n1[i, j]

    t += dt
    lista_t.append(t)

    print(f'{round(t / t_max * 100, 3)}%')

plt.plot(lista_t, lista_u, color='red', label='u(t)')
plt.plot(lista_t, lista_v, color='blue', label='v(t)')
plt.grid(True)
plt.suptitle(f'Reação-Difusão')
plt.title(f'$u_0$ = {u0} | $v_0$ = {v0} | a = {a} | b = {b}')
plt.xlabel('Tempo')
plt.ylabel('Concentrações')
plt.legend()
plt.savefig('Reação-Difusão')
plt.show()

Referências

  1. Morphology of Experimental and Simulated Turing Patterns, Christian Scholz, August 2009, Pgs 27-29