Equação de Ginzburg-Landau complexa: mudanças entre as edições

De Física Computacional
Ir para navegação Ir para pesquisar
Sem resumo de edição
(47 revisões intermediárias por 2 usuários não estão sendo mostradas)
Linha 7: Linha 7:
* Superfluidez;
* Superfluidez;
* Condensado de Bose-Einstein.
* Condensado de Bose-Einstein.


A equação de Ginzburg-Landau complexa, quando escrita de modo a minimizar o número de constantes, é dada pela equação abaixo:
A equação de Ginzburg-Landau complexa, quando escrita de modo a minimizar o número de constantes, é dada pela equação abaixo:
Linha 18: Linha 17:


== Dedução ==
== Dedução ==
[[File:Phase_space_circle.png|thumb|right|Espaço de fase do oscilador harmônico]]


A energia de um oscilador harmônico é expressa pela equação abaixo, onde <math>E</math> é a energia, <math>q</math> e <math>p</math> a coordenada e seu respectivo momento, <math>m</math> é a massa e <math>\omega_0</math> a frequência angular
A energia de um oscilador harmônico é expressa pela equação abaixo, onde <math>E</math> é a energia, <math>q</math> e <math>p</math> a coordenada e seu respectivo momento, <math>m</math> é a massa e <math>\omega_0</math> a frequência angular


<math>
<math>
E = \frac{p'^2}{2} + \frac{1}{2} m \omega_0^2 q'^2
E = \frac{p^2}{2m} + \frac{1}{2} m \omega_0^2 q^2.
</math>
 
Ao realizar as seguintes mudanças de variáveis, <math>q \rightarrow q/m^{1/2}</math> e <math>p \rightarrow p m^{1/2}</math>, a equação da energia produz trajetórias circulares no espaço de fase de <math>\omega_0 q</math> e <math>p</math>
 
<math>
E = \frac{p^2}{2} + \frac{1}{2}\omega_0^2 q^2.
</math>
 
Essa é uma importante simetria do oscilador harmônico linear, resultando que a sua energia é proporcional ao quadrado da amplitude de oscilação, não dependendo da fase. Isso sugere uma motivação, qual é o menor termo não linear que pode ser adicionado de modo a preservar essa simetria. Para tanto, o estado do sistema será descrito em coordenadas polares, onde <math>R</math> é a amplitude e <math>\phi</math> a fase
 
<math>
\dot{R} = 0, \quad \dot{\phi} = \omega_0.
</math>
 
Define-se, então, a variável complexa <math>A = R e^{i \phi}</math>, portanto a equação acima pode ser reescrita como
 
<math>
\dot{A} = i \omega_0 A.
</math>
 
Ao realizar a transformação de variável <math>A \rightarrow A e^{i \chi}</math>, com <math>\chi \in \mathbb{R}</math>, a equação acima permanece inalterada. Ou seja, a equação é invariante a rotações. Então, busca-se uma função não linear  <math>f(A, A^*)</math> tal que
 
<math>
\dot{A} = i \omega_0 A + f(A, A^*)
</math>
 
também seja invariante a rotações.
 
Então, perante às transformações <math>A \rightarrow A e^{i \chi}</math> e <math>A^* \rightarrow A^* e^{-i \chi}</math>, a função <math>f(A, A^*)</math> deve satisfazer
 
<math>
f(A e^{i \chi}, A^* e^{-i \chi}) = f(A, A^*) e^{i \chi},
</math>
 
para que seja possível fatorar o termo responsável pela rotação e obter novamente a equação original.
 
Considerando pequenas oscilações, é possível expandir <math>f(A, A^*)</math> em potências de <math>A</math> e <math>A^*</math> até a menor ordem possível que satisfaça a condição e que introduza uma não linearidade à equação. Com isso, obtém-se
 
<math>
f(A, A^*) = \alpha_1 A + \alpha_2 |A|^2 A, \quad \alpha_1 = \alpha_{1r} + i \alpha_{1i}, \quad \alpha_2 = \alpha_{2r} + i \alpha_{2i}
</math>
 
Utilizando o resultado encontrado e expressando em coordenadas polares por meio de <math>A = R e^{i\phi}</math>
 
<math>
\dot{R} = \alpha_{1r} R + \alpha_{2r} R^3, \quad \dot{\phi} = \omega_0 + \alpha_{1i} + \alpha_{2i} R^2.
</math>
 
Em seguida, muda-se para o referencial que gira com a mesma frequência do oscilador harmônico por meio da definição de <math>\phi = \varphi + \omega_0 t</math>. As novas equações obtidas são
 
<math>
\dot{R} = \alpha_{1r} R + \alpha_{2r} R^3, \quad \dot{\varphi} = \alpha_{1i} + \alpha_{2i} R^2.
</math>
</math>


Ao realizar as seguintes mudanças de variáveis, <math>q</math>
 
Para encontrar a amplitude estacionária, pode-se tomar <math>\dot{R} = 0</math> na equação, o que resulta na solução trivial <math>R^{(est)} = 0</math> e <math>R^{(est)} = \sqrt{-\alpha_{1r}/\alpha_{2r}}</math>
 
== Método FTCS ==
 
Para estudar o comportamento das soluções foi utilizados o método FTCS(Foward-Time Central-Space) que consiste em discretizar a solução temporal e a solução espacial da equação, resolvemos as derivadas espaciais por uma aproximação dos pontos vizinhos ao ponto que queremos encontrar, enquanto atualizamos a parte temporal, também por uma aproximação como na parte espacial porém fazemos por uma diferenciação entre a taxa de variação (solução futura) e a solução atual.
A partir da equação em duas dimensões:
<math>
\frac{\partial A}{\partial t} = \alpha(\frac{\partial^2 A}{\partial x^2}+\frac{\partial^2 A}{\partial x^2}) + A - \beta A|A|^2.
</math>
 
onde
 
<math>
\alpha = (1+ic_1); \beta = (1-ic_1)
</math>
 
Aplicamos o método da seguinte maneira:
<math>
\frac{A(x,y,t+\Delta t) - A(x,y,t)}{\Delta t} = \alpha(\frac{A(x+\Delta x,y,t) - 2*A(x,y,t) + A(x-\Delta x,y,t)}{\Delta x^2}+\frac{A(x,y+\Delta y,t) - 2*A(x,y,t) + A(x,y-\Delta y,t)}{\Delta y^2}) + A(x,y,t) - \beta A(x,y,t)|A(x,y,t)|^2.
</math>
 
<math>
\frac{A_{i,j}^{N+1} - A_{i,j}^{N}}{\Delta t} = \alpha(\frac{A_{i+1,j}^{N} - 2*A_{i,j}^{N} + A_{i-1,j}^{N}}{\Delta x^2}+\frac{A_{i,j+1}^{N} - 2*A_{i,j}^{N} + A_{i,j-1}^{N}}{\Delta y^2}) + A_{i,j}^{N} - \beta A_{i,j}^{N}|A_{i,j}^{N}|^2.
</math>
 
Agora reorganizando a equação para deixar o tempo futuro na esquerda e o tempo atual na direita e considerando que os passos na direção x tem o mesmo tamanho do que os na direção y (<math>\Delta y = \Delta x</math>), chegamos em :
<math>
A_{i,j}^{N+1} = A_{i,j}(1+\Delta t(1-\beta|A_{i,j}|))+\frac{\Delta t \alpha}{\Delta x}(A_{i+1,j}+A_{i-1,j}+A_{i,j+1}+A_{i,j-1} - 4*A_{i,j})
</math>

Edição das 18h42min de 27 de abril de 2024

A equação de Ginzburg-Landau complexa (CGLE) surgiu inicialmente em 1969 como um modelo para o inicio de instabilidades em problemas de convecção de fluídos. A partir de então, ela se tornou uma das equações não lineares mais estudadas da física, descrevendo uma variedade enorme de fenômenos como:

  • Ondas não lineares;
  • Transições de fase de segunda ordem;
  • Supercondutividade;
  • Superfluidez;
  • Condensado de Bose-Einstein.

A equação de Ginzburg-Landau complexa, quando escrita de modo a minimizar o número de constantes, é dada pela equação abaixo:

É possível deduzir a CGLE a partir do oscilador linear harmônico por meio de argumentos de simetria, encontrando a equação de Stuart-Landau, e, em seguida, considerando um sistema estendido no espaço.

Dedução

Espaço de fase do oscilador harmônico

A energia de um oscilador harmônico é expressa pela equação abaixo, onde é a energia, e a coordenada e seu respectivo momento, é a massa e a frequência angular

Ao realizar as seguintes mudanças de variáveis, e , a equação da energia produz trajetórias circulares no espaço de fase de e

Essa é uma importante simetria do oscilador harmônico linear, resultando que a sua energia é proporcional ao quadrado da amplitude de oscilação, não dependendo da fase. Isso sugere uma motivação, qual é o menor termo não linear que pode ser adicionado de modo a preservar essa simetria. Para tanto, o estado do sistema será descrito em coordenadas polares, onde é a amplitude e a fase

Define-se, então, a variável complexa , portanto a equação acima pode ser reescrita como

Ao realizar a transformação de variável , com , a equação acima permanece inalterada. Ou seja, a equação é invariante a rotações. Então, busca-se uma função não linear tal que

também seja invariante a rotações.

Então, perante às transformações e , a função deve satisfazer

para que seja possível fatorar o termo responsável pela rotação e obter novamente a equação original.

Considerando pequenas oscilações, é possível expandir em potências de e até a menor ordem possível que satisfaça a condição e que introduza uma não linearidade à equação. Com isso, obtém-se

Utilizando o resultado encontrado e expressando em coordenadas polares por meio de

Em seguida, muda-se para o referencial que gira com a mesma frequência do oscilador harmônico por meio da definição de . As novas equações obtidas são


Para encontrar a amplitude estacionária, pode-se tomar na equação, o que resulta na solução trivial e

Método FTCS

Para estudar o comportamento das soluções foi utilizados o método FTCS(Foward-Time Central-Space) que consiste em discretizar a solução temporal e a solução espacial da equação, resolvemos as derivadas espaciais por uma aproximação dos pontos vizinhos ao ponto que queremos encontrar, enquanto atualizamos a parte temporal, também por uma aproximação como na parte espacial porém fazemos por uma diferenciação entre a taxa de variação (solução futura) e a solução atual. A partir da equação em duas dimensões:

onde

Aplicamos o método da seguinte maneira:

Agora reorganizando a equação para deixar o tempo futuro na esquerda e o tempo atual na direita e considerando que os passos na direção x tem o mesmo tamanho do que os na direção y (), chegamos em :