Julia
Julia é uma linguagem relativamente nova de programação que começou a ser desenvolvida em 2009 por Jeff Bezanson, Stefan Karpinski, Viral B. Shah, e Alan Edelman, um grupo do MIT. Ela foi oficialmente lançada para o mundo em 2012.
Em uma entrevista, quando perguntaram a Alan o por quê do nome Julia, ele disse que numa conversa anos atrás alguém sugeriu que Julia seria um bom nome para uma linguagem de programação.
Julia pode ser usada para propósitos gerais de programação, assim como Python, mas em sua criação foi visada a utilização de Julia para Cálculo Numérico.
Aspectos Gerais
Julia é uma linguagem de alto nível, isso significa, de maneira sucinta, que ela não é executada utilizando somente o processador, assim como acontece com linguagens de baixo nível, como Assembly, por exemplo.
É escrita em C, C++, e Scheme, usando a estrutura do compilador LLVM (para melhor entendimento, o compilador de C é o GCC, por exemplo), enquanto a maior parte da biblioteca padrão de Julia é implementada na própria Julia.
Um fato importante sobre Julia para os programadores de Python é que todas as bibliotecas de Python são usáveis através de um comando simples: PyCall.
Um fato importante sobre Julia para os programadores de C é que Julia possui APIs (Interfaces de Programação de Aplicativos) especiais para chamada de funções em C diretamente.
Velocidade
De acordo com testes feitos pelos próprios criadores de Julia, sua velocidade é similar com a de C.
Fonte: [1]
Testes de Velocidade
A fim de pessoalmente testar a velocidade da linguagem de programação, foi escrito um programa em Julia de maneira similar ao programa de Python para o FTCS aplicado na Equação de Difusão (também conhecida como Equação do Calor).
A Equação da Difusão em uma dimensão pode ser escrita da forma:
No método de FTCS (Forward-Time Central-Space) definimos a derivada em t na forma não simetrizada (forward) e as derivadas em x na forma simetrizada:
E substuindo na equação da difusão, em notação discreta temos:
Observação: esse procedimento funciona bem se , segundo análise de estabilidade do método.
Dessa forma, foi escrito um programa para integrar a Equação de Difusão através do método de FTCS nas linguagens Python e Julia.
Para Python:
//FTCS aplicado na equacao da difusao. Linguagem: PYTHON import copy import numpy as np import matplotlib.pyplot as plt def init(): L=50;D=1.;dt=0.05;dx=1.;t=0;tmax=100. k=D*dt/(dx*dx) return L,k,dt,t,tmax L,k,dt,t,tmax = init() x = np.arange(0,L,1) f = np.zeros(x.shape) a = int(L/3) b = int(2*L/3) f[a:b]=1. f1 = copy.deepcopy(f) f2 = copy.deepcopy(f) while t<tmax: t+=dt f1[1:L-1]=f[1:L-1]+k*(f[0:L-2]+f[2:L]-2*f[1:L-1]) f1[L-1]=f[L-1]+k*(f[L-2]+f[0]-2*f[L-1]) f1[0]=f[0]+k*(f[1]+f[L-1]-2*f[0]) f=copy.deepcopy(f1) sum0=sum(f1) sum1=sum(f2) print("Integral em t=0: %7.4f" % sum0) print("Integral em tmax: %7.4f" % sum1) plt.plot(x,f,x,f2) plt.show()
Em Julia:
//FTCS aplicado na equacao da difusao. Linguagem: JULIA using PyPlot L=50 D=1. dt=0.05 dx=1. t=0 tmax=100. k=D*dt/(dx*dx) x = collect(0:1:L-1) f = zeros(L) f1 = zeros(L) a = trunc(Int, L/3) b = trunc(Int, 2*L/3) f[a+1:b] .= 1. f2 = deepcopy(f) while t<tmax global t+=dt f1[2:L-1] = f[2:L-1] + k*(f[1:L-2] + f[3:L] - 2*f[2:L-1]) f1[L] = f[L] + k*(f[L-1] + f[1] - 2*f[L]) f1[1] = f[1] + k*(f[2] + f[L] - 2*f[1]) global f = deepcopy(f1) end sum0 = sum(f1) sum1 = sum(f2) println("Integral em t=0: ", sum0) println("Integral em tmax: ", sum1) plt.plot(x,f,x,f2) plt.show()
Foi testado o tempo de execução da parte principal dos dois programas (isto é, sem fazer o gráfico dos resultados), através do timer do terminal, como mostra na próxima figura:
Legenda: Tempo de execução dos dois programas, em Julia e em Python, para o método de FTCS aplicado à Equação de Difusão
É possível perceber, através da figura acima, que o tempo de execução de Python para o FTCS aplicado à Equação de Difusão é menor do que o de Julia. Em razão disso, foi testado um programa simples, como mostra abaixo, que incrementa uma variável 10 vezes, sendo o seu valor inicial 0.
Legenda: Programa para incrementar o valor de uma variável, nesse caso i, 10 vezes, escrito em Julia e em Python
E posteriormente, novamente, foi testado o tempo de execução da parte principal dos programas através do terminal:
Legenda: Tempo de execução dos dois programas, em Julia e em Python, para o programa que incrementa o valor da variável 10 vezes
É possível perceber que para esse simples programa de incrementação, Python ainda obtém melhor performance do que Julia.
Performance de Julia
Tentando entender o que traria tal performance em Cálculo Numérico para Julia, foi chegado à conclusão de que ser uma linguagem que se utilizada de variáveis dinâmicas e multi-métodos seria uma das grandes contribuições da linguagem.
Variáveis dinâmicas:
Em Python elas são interpretadas em runtime, ou seja, tempo de execução => o programa checa toda hora se a variável mudou e isso torna ele mais lento
Variáveis estáticas:
Em C as variáveis são fixas, e isso é visto é em tempo de compilação => precisa pensar nas variáveis e isso torna o tempo de programação mais lento
Em Julia isso é basicamente opcional, não é preciso definir as variáveis, mas é possível, e elas podem mudar dinamicamente, em tempo de execução. E ainda, Julia se utiliza de multi-métodos para não ter que lidar com a constante checagem dos tipos das variáveis, como Python faz!
Métodos Únicos
Python => single dispatch => Métodos Únicos - Não tenho sobrecarga de funções, eu simplesmente chamo uma função que já está escrita
Multi-métodos
Sobrecarga de funções (C++) => Multi-métodos (multiple dispatch) - Tenho uma função e dependendo dos parâmetros que eu coloco ao chamá-la, eu chamo uma função ou outra
Exemplo de sobrecarga de funções em Julia:
//dependendo do tipo da minha variavel x na chamada da funcao, sera chamado uma funcao ou outra, mesmo que tenham o mesmo nome function printx(x::Float64) println(x) end function printx(x::String) println(x) end x="Oi" printx(x)