Modelo de Blume-Capel bidimensional: mudanças entre as edições
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Edição das 16h57min de 18 de abril de 2023
Modelo de Ising
No contexto de transições de fase ferromagnéticas, um modelo muito simples, mas não trivial, que incorpora interações de curto alcance (vizinhos próximos) é o Modelo de Ising. Proposto em 1925 pelo físico alemão alemão Ernst Ising (1900-1998), possui o seguinte formato:
onde é uma variável aleatória que pode assumir os valores nos sítios de uma rede cristalina. O primeiro termo da soma, referente aos vizinhos próximos <i,j>, representa as energias de interação que devem dar origem a um estado ferromagnético (se J>0). Já o segundo termo, que representa a interação do sistema com um campo magnético externo H, é de caráter puramente paramagnético.
Pode-se interpretar as variáveis de spin de diferentes maneiras:
1.Componentes do spin dos átomos, na direção do campo externo, que podem "apontar para cima ou para baixo"; 2.Como uma indicação de que o sítio i pode estar ocupado por um átomo de tipo A ou B; 3.Como um número de ocupação, que assinala a presença ou a ausência de uma molécula numa determinada célula de um "gás de rede".
A multiplicidade de interpretações permite inferir o caráter universal do modelo. Trata-se de um excelente ponto de partida para o estudo de modelos mais sofisticados.
A solução analítica, conforme demonstrado por Ising em 1925 para o caso unidimensional, passa inevitavelmente pelo cálculo da função de partição canônica,
cuja soma abrange todas as configurações. Na equação acima, . Para fins de simplificação, foi feita a suposição de que .
No equilíbrio termodinâmico, a uma temperatura T, a probabilidade de encontrar o sistema na configuração é
Outra função de estado particularmente relevante é a magnetização total, dada pela relação
Já a energia do sistema, bem como as variações desta, é calculada, naturalmente, através do hamiltoniano que descreve o modelo de Ising.
Modelo de Blume-Capel
O modelo de Blume-Capel, batizado em honra aos proponentes Martin Blume (1932-2021) e Hans Willelm Capel (1936-), é uma generalização do modelo de Ising na medida em que agora os spins podem se alinhar paralelamente, antiparalelamente e ortogonalmente. Em outras palavras, o modelo de Blume-Capel trata do caso de um sistema de partículas com spin s=1, com as três configurações possíveis (-1, 0, +1), ao passo que o modelo de Ising tratava do caso em que , com somente duas configurações possíveis (-1,+1). Matematicamente:
onde D representa a anisotropia do sistema. No caso limite em que D=0, recupera-se os resultados do modelo de Ising.
Para o cálculo da magnetização e energia do sistema, o raciocínio é o mesmo aplicado ao modelo de Ising, com a diferença de que agora deve-se levar em conta o termo quadrático bem como o fator D.
Por fim, é interessante citar uma peculiaridade deste modelo, o chamado ponto tricrítico. Trata-se de uma singularidade no diagrama de fase caracterizada por uma temperatura crítica , que de acordo ...., é da ordem de . A análise realizada neste trabalho não contemplou tal fenômeno, mas trata-se de uma possibilidade para um eventual prosseguimento da atividade.
Método de Monte Carlo
Neste trabalho utilizou-se o método de Monte Carlo, muito eficaz para obter o comportamento de sistemas magnéticos. Grosso modo, a ideia do método de Monte Carlo é escolher uma sequência de configurações independentes, constituindo uma cadeia de Markov. Algumas configurações iniciais são geradas longe do equilíbrio, mas à medida que o tempo passa devem ser geradas muitas configurações típicas de equilíbrio, a partir das quais pode-se realizar uma média aritmética, por exemplo. Pelo fato do referido método ter sido utilizado inúmeras vezes em trabalhos anteriores, julgou-se que apresentar uma abordagem teórica mais aprofundada soaria demasiado repetitivo.
No subtópico a seguir, realizou-se uma breve discussão acerca da implementação do Algoritmo de Metrópolis.
Algoritmo de Metropolis
Neste trabaho utilizou-se o Algoritmo de Metropolis, bastante discutido em atividades anteriores, para obter os dados do comportamento dos observáveis do sistema. Os passos para implementação do algoritmo:
1. Escolher uma condição inicial, e.g, aleatória; 2. Calcular a energia correspondente à configuração escolhida; 3. Escolher um sítio da rede e propôr uma nova direção para o seu spin; 4. Calcular a energia do estado recém gerado bem como a diferença energética $\Delta E$; 5. Se for negativo, aceitar a nova configuração gerada; 6. Se for positivo, calcular e sortear um número aleatório, r, entre 0 e 1: 6.1) Se , aceitar a nova configuração; 6.2) Se , continuar com a configuração inicial; 7. Voltar ao item 3 e repetir o procedimento.