|
|
Linha 3: |
Linha 3: |
| | | |
| O objetivo deste trabalho é aplicar o Shooting method (método do chute) para encontrar as primeiras funções de onda espaciais da Equação de Schrödinger para o caso do poço de potencial infinito. Após, será realizada a evolução temporal através do Método de Crank-Nicolson. | | O objetivo deste trabalho é aplicar o Shooting method (método do chute) para encontrar as primeiras funções de onda espaciais da Equação de Schrödinger para o caso do poço de potencial infinito. Após, será realizada a evolução temporal através do Método de Crank-Nicolson. |
|
| |
| ==Shooting Method==
| |
| Muitos métodos numéricos (e.g. Runge-Kutta, Forward Euler) requerem os valores da função e de sua derivada no ponto inicial. Acontece que podem haver problemas em que estes valores não estarão disponíveis, principalmente o valor da derivada em questão. Uma alternativa seria conjecturar o valor da condição inicial e integrar, através de um método apropriado, em direção à outra condição de contorno: um "chute" apropriado faria com que a integração evoluísse e retornasse um valor muito próximo, a depender da acurácia necessária, ao da condição de contorno. A ideia seria executar os seguintes passos:
| |
|
| |
| # Supor um valor para a condição de contorno desconhecida (e.g. <math>y(0)</math> ou <math>y'(0)</math>);
| |
| # Integrar o problema através de um método conhecido até a próxima condição de contorno (e.g., <math>y(L)</math>);
| |
| # Se o chute inicial não fez com que o sistema evoluísse até <math>y(L)</math>, então deve-se supor outro valor para a condição inicial e repetir o procedimento.
| |
|
| |
| O método descrito acima de forma simplificada recebe o nome, em inglês, de ''Shooting method'', o que em português seria algo como "Método do tiro" ou "Método do chute". Na próxima seção esse método será aplicado para o caso do poço infinito de potencial.
| |
|
| |
| ===Poço de potencial infinito===
| |
| Seja a equação <math>\frac{d^2\psi}{dx^2}=-k\psi E</math>, onde <math>k=\frac{2m}{\hbar^2}</math>.
| |
|
| |
| Escrevendo com outra notação: <math>\ddot{\psi}=-k\psi E</math>.
| |
|
| |
| Dividindo o problema em <math>\Delta x </math>'s pequenos, pode-se reescrever a equação acima da seguinte forma:
| |
|
| |
| <center><math> \ddot{\psi}=\frac{\Delta \dot{\psi}}{\Delta x}=\frac{\dot{\psi_2}-\dot{\psi_1}}{\Delta x} \implies \dot{\psi_2}=\ddot{\psi} \Delta x + \dot{\psi_1}</math></center>.
| |
|
| |
| Também:
| |
| <center><math>\dot{\psi}=\frac{\Delta \psi}{\Delta x}=\frac{\psi_2-\psi_1}{\Delta x} \implies \psi_2 = \dot{\psi}\Delta x + \psi_1</math></center>.
| |
|
| |
| Além disso:
| |
| <center><math>\Delta x = x_2-x_1 \implies x_2 = x_1 +\Delta{x}</math></center>.
| |
|
| |
| A integração, então, é realizada utilizando as relações 8, 9, 10 e 11, até que se atinja a borda do poço, isto é, <math>x=L</math>.
| |
|
| |
| Com a discretização acima, foi possível implementar o algoritmo. Das condições de contorno do problema, sabe-se que <math>\psi(0)=0</math>, de modo que <math>\psi_1=0</math>. No entanto, o valor da derivada <math>\dot{\psi_1}</math> não é conhecido, de modo que supõe-se que seja uma constante, a saber, <math>\dot{\psi_1}=1</math>. Chutando que <math>E=0</math>, utilizando a massa do elétron e <math>L=1</math>, obtém-se a primeira solução estacionária:
| |
| [[Arquivo:n=1.png|300px|thumb|center|Solução estacionária (n=1)]]
| |
| Pode-se observar que o valor de energia obtido numericamente é cerca de 4% menor do que aquele obtido analiticamente.
| |
|
| |
| Para o caso n=2:
| |
| [[Arquivo:n=2.png|300px|thumb|center|Solução estacionária (n=2)]]
| |
| Aqui, o valor obtido numericamente é aproximadamente 5% maior do que o valor obtido analiticamente.
| |
|
| |
| Para o caso n=3:
| |
| [[Arquivo:n=3.png|300px|thumb|center|Solução estacionária (n=3)]]
| |
| Para este caso, o valor numérico é cerca de 1% menor do que o valor analítico.
| |
|
| |
|
| ==Método de Crank-Nicolson== | | ==Método de Crank-Nicolson== |
Edição das 19h28min de 12 de fevereiro de 2023
O objetivo deste trabalho é aplicar o Shooting method (método do chute) para encontrar as primeiras funções de onda espaciais da Equação de Schrödinger para o caso do poço de potencial infinito. Após, será realizada a evolução temporal através do Método de Crank-Nicolson.
Método de Crank-Nicolson
Seja a equação diferencial
,
onde é um operador diferencial linear em r.
Em forma discretizada no tempo, pode-se escrever
.
Por simetria, pode-se escrever a equação acima utilizando um f à direita:
A equação acima é dita "explícita" pois, para o cálculo de , só é utilizado o valor já explicitamente calculado . Já a equação anterior é chamada implícita pois está presente explicitamente. Em termos numéricos, um método peca pelo excesso enquanto o outro o faz pela falta, de modo que um resultado mais satisfatório pode ser obtido ao tomar-se a média dos dois:
Após alguma álgebra:
.
Chamando e , onde I indica a matriz identidade, pode-se reescrever a equação acima na seguinte maneira:
.
Trata-se do método de Crank-Nicolson, mais estável e preciso do que os métodos implícito e explícito. Caso o problema apresentar condições de contorno, estas serão devidamente implementadas nos elementos das matrizes M e E.
Equação de Schrödinger
Seja a equação de Schrödinger unidimensional
.
Efetuando a discretização das variáveis através do Método de Crank-Nicolson, obtém-se:
Substituindo as discretizações na eq. de Schrödinger:
Supondo e separando as partes explícita e implícita, obtém-se, após alguma álgebra:
Definindo
e
obtém-se:
A equação acima pode ser escrita em forma matricial, de modo que:
onde
e
Para avaliar a evolução temporal do sistema, é necessário encontrar . Utilizando resultados anteriores, pode-se obter através da seguinte relação:
Poço de potencial infinito
Para o presente caso a ideia é obter a evolução temporal do sistema, impondo condições de contorno iguais a zero, de modo que os operadores e ficam:
e
A ideia é que o primeiro e o último termo do tanto do vetor quanto do vetor seja constante, o que satisfaz as condições de contorno do presente caso. Também é interessante notar que os índices são todos constantes, visto que no presente caso o potencial dentro do poço é nulo.
Implementando o algoritmo descrito acima, obteve-se:
Evolução temporal para o caso n=1. Nesta animação e nas subsequentes, foram sobrepostas as partes real e imaginária da equação de Schrödinger: a linha azul diz respeito à parte real enquanto a amarela, à imaginária.
Na figura acima, tem-se a evolução do caso n=2.
Por último, o caso n=3.