Shooting method e Método de Crank-Nicolson: mudanças entre as edições
Sem resumo de edição |
|||
Linha 98: | Linha 98: | ||
==Método de Crank-Nicolson== | ==Método de Crank-Nicolson== | ||
Seja a equação diferencial <math>\frac{\partial f}{\partial t}=L_1{\textbf{r}}f(\textbf{r},t)</math>, onde <math>L_{\textbf{r}}</math> é um operador diferencial linear em '''r'''. | |||
Em forma discretizada no tempo, pode-se escrever | |||
<center><math> | |||
f^{n+1}(\textbf{r})-f^{n}(\textbf{r})= L_{\textbf{r}}f^{n}(\textbf{r})dt | |||
</math></center>. | |||
Por simetria, pode-se escrever a equação acima utilizando um f à direita: | |||
<center><math> | |||
f^{n+1}(\textbf{r})-f^{n}(\textbf{r})= L_{\textbf{r}}f^{n+1}(\textbf{r})dt . | |||
</math></center> | |||
A equação acima é dita "explícita" pois, para o cálculo de <math>f^{n+1}</math>, só é utilizado o valor já explicitamente calculado <math>f^{n}</math>. Já a equação anterior é chamada implícita pois <math>f^{n+1}</math> está presente explicitamente. Em termos numéricos, um método peca pelo excesso enquanto o outro o faz pela falta, de modo que um resultado mais satisfatório pode ser obtido ao tomar-se a média dos dois: | |||
<center><math> | |||
f^{n+1}(\textbf{r})-f^{n}(\textbf{r})=\frac{dt}{2}(L_{\textbf{r}}f^{n+1}(\textbf{r})+L_{\textbf{r}}f^n(\textbf{r})). | |||
</math></center> |
Edição das 18h13min de 12 de fevereiro de 2023
O objetivo deste trabalho é aplicar o Shooting method (método do chute) para encontrar as primeiras funções de onda espaciais da Equação de Schrödinger para o caso do poço de potencial infinito. Após, será realizada a evolução temporal através do Método de Crank-Nicolson.
Equação de Schrödinger
A equação de Schrödinger unidimensional pode ser escrita da seguinte maneira:
Para resolvê-la é necessário efetuar uma separação de variáveis:
Aplicando na primeira equação e separando os termos espaciais dos termos temporais, chega-se a uma equação com o seguinte formato:
Pelo fato da parte da esquerda ser dependente de t e a parte da direita ser dependente de x e de ambas estarem relacionadas por uma igualdade, é necessário que ambos os lados sejam constantes: em outras palavras, não é possível modificar um lado sem necessariamente alterar o outro. Através de um raciocínio perspicaz, a constante em questão será denominada E.
Parte temporal
A parte que diz respeito à evolução temporal:
A solução geral possui o seguinte formato
cuja constante C pode, neste caso, ser absorvida, de modo que
Parte espacial
Quanto à parte espacial, utilizando o mesmo raciocínio empregado anteriormente, a equação pode ser escrita como
Para este caso, no entanto, não há uma única solução, pois esta depende do potencial V escolhido. Para o presente trabalho optou-se por trabalhar com o caso do poço infinito de potencial pelo fato das soluções analíticas já serem conhecidas, de modo a tornar possível avaliar os resultados numéricos obtidos à luz da solução analítica.
Poço de potencial infinito
Esquematicamente, tem-se:
O potencial pode ser descrito como:
Dentro do poço, onde $V=0$, o problema pode ser modelado da seguinte maneira
ou
onde
A solução é dada por
Aplicando as condições de contorno e efetuando a normalização da função de onda, obtém-se a solução geral
cujas energias discretizadas são
Utilizando a equação acima, pode-se calcular os valores da energia de cada estado estacionário. Para o caso de um elétron, as energias referentes aos três estados estacionários são eV, eV e eV.
Na próxima seção será feita uma estimativa dos valores acima expostos através do "Shooting method".
Shooting Method
Muitos métodos numéricos (e.g. Runge-Kutta, Forward Euler) requerem os valores da função e de sua derivada no ponto inicial. Acontece que podem haver problemas em que estes valores não estarão disponíveis, principalmente o valor da derivada em questão. Uma alternativa seria conjecturar o valor da condição inicial e integrar, através de um método apropriado, em direção à outra condição de contorno: um "chute" apropriado faria com que a integração evoluísse e retornasse um valor muito próximo, a depender da acurácia necessária, ao da condição de contorno. A ideia seria executar os seguintes passos:
- Supor um valor para a condição de contorno desconhecida (e.g. ou );
- Integrar o problema através de um método conhecido até a próxima condição de contorno (e.g., );
- Se o chute inicial não fez com que o sistema evoluísse até , então deve-se supor outro valor para a condição inicial e repetir o procedimento.
O método descrito acima de forma simplificada recebe o nome, em inglês, de Shooting method, o que em português seria algo como "Método do tiro" ou "Método do chute". Na próxima seção esse método será aplicado para o caso do poço infinito de potencial.
Poço de potencial infinito
Seja a equação , onde .
Escrevendo com outra notação: .
Dividindo o problema em 's pequenos, pode-se reescrever a equação acima da seguinte forma:
.
Também:
.
Além disso:
.
A integração, então, é realizada utilizando as relações 8, 9, 10 e 11, até que se atinja a borda do poço, isto é, .
Com a discretização acima, foi possível implementar o algoritmo. Das condições de contorno do problema, sabe-se que , de modo que . No entanto, o valor da derivada não é conhecido, de modo que supõe-se que seja uma constante, a saber, . Chutando que , utilizando a massa do elétron e , obtém-se a primeira solução estacionária:
Pode-se observar que o valor de energia obtido numericamente é cerca de 4% menor do que aquele obtido analiticamente.
Para o caso n=2:
Aqui, o valor obtido numericamente é aproximadamente 5% maior do que o valor obtido analiticamente.
Para o caso n=3:
Para este caso, o valor numérico é cerca de 1% menor do que o valor analítico.
Método de Crank-Nicolson
Seja a equação diferencial , onde é um operador diferencial linear em r.
Em forma discretizada no tempo, pode-se escrever
.
Por simetria, pode-se escrever a equação acima utilizando um f à direita:
A equação acima é dita "explícita" pois, para o cálculo de , só é utilizado o valor já explicitamente calculado . Já a equação anterior é chamada implícita pois está presente explicitamente. Em termos numéricos, um método peca pelo excesso enquanto o outro o faz pela falta, de modo que um resultado mais satisfatório pode ser obtido ao tomar-se a média dos dois: